domingo, 10 de outubro de 2010

Gabarito do Trabalho Monitorado realizado no dia 14/09/2010

                
       Questões

  1. A fundamentação da teoria política moderna está intimamente ligada a relação estabelecida entre política e moral. Explicite o posicionamento de Nicolau Maquiavel frente às distintas espécies de moralidade vigentes em seu tempo.
  2. De que modo a virtù pode exercer domínio sobre a fortuna no pensamento de Maquiavel? É possível extirpar a contingência da vida humana?
  3. Explicite o papel desempenhado pela crueldade no pensamento de Nicolau Maquiavel.
  4. Thomas Hobbes aduz duas soluções a fim de dar cabo à especiosa distinção entre o poder espiritual e o poder de tempos. Indique-as, sem deixar de relacionar a resposta como o poder político do Estado Moderno.
Gabarito

  1. A primeira resposta são dos alunos Pedro Crespo e Neide Rafaele da Turma T2.
               Maquiavel propõe em sua teoria a dissociação entre a política e moral. O poder do Estado passa ser autônomo, dessacralizado e autoriza o seu soberano a agir de maneira mais eficaz, utilizando a sua virtù para garantir a paz e a ordem entre os súditos. Nesse contexto, o príncipe deve se orientar em conformidade com as regras estabelecidas tanto pela razão quanto pela fé, negando as moralidades romana e cristã vigentes no seu tempo. A verdade não está nos príncipios, mas no efeito das coisas, ou seja, os meios utilizados são mínimos perantes os fins que originaram a criação do Estado e que devem ser atingidos pelo soberano. No entanto, não se pode deixar de considerar que a forma proposta por Maquiavel de se legitimar o poder de um principe passa pela ideia de aparentar seguir os preceitos da justiça, honestidade e temperancia; assim como as virtudes cristãs para que o povo possa identificar as ações de seu soberano com seu próprio modo de pensar, não gerando a discórdia e o ódio.
     
    2.   A segunda resposta são dos alunos Carolina Gutiérrez, Deborah Correa, Eldo Junior, Gabriel Chermont e Stéphanie de Paula da Turma T1.

              No exercício político e pragmático de Nicolau Maquiavel, a fortuna e a virtude fazem parte do destino de um principado. Atribui-se à virtude, o livre-arbítrio, e à fortuna, a sorte, o acaso, a imprevisibilidade. Porém, nos príncipios maquiavelianos, tais concepções ganham novas reflexões e pensamentos. Maquiavel compara a virtude e a fortuna, respectivamente, à figura masculina e jovem, e à figura feminina, a amiga dos jovens - o ser submisso-.
               A habilidade, o livre arbítrio e até a impetuosidade são fatores preponderantes para o sucesso de um principado, podendo exercer domínio sobre a fortuna. Para Maquiavel, quem analisa com deligência (zêlo) os fatos ocorridos no passado, pode prever o futuro de qualquer principado. Como analogia as figuras humanas, Maquiavel afirma que "a sorte é mulher, e para dominar-lhe, é preciso bater-lhe e contrariá-la".
               A vida humana, portanto, está intimamente ligada à sorte e à virtude, ssendo impossível separar a contingência da vida humana (que corresponde s um fator importante ao homem) cabendo ao ser humano, administrar a virtude.

    3.    A terceira resposta são dos alunos Clarisse Hisse e Renan Sampaio da Turma P1.

               Para Maquiavel o príncipe não deve se intimidar ao ser considerado cruel, embora deva desejar ser considerado piedoso. O Estado comparta uma razão que lhe é própria e que corresponde aos interesses coletivos e públicos. Se a crueldade é necessária para dar estabilidade e união ao reino frente à possíveis ameaças, o príncipe não deve hesitar empregá-la. As possíveis desordens provocadas pela negligência de um príncipe que deseja ser piedoso são potencialmente muito mais prejudiciais para o povo de que execuções destinadas à poucos indivíduos.
               Dada a dificuldade do príncipe de reunir as qualidades geradoras do amor e do temor do povo sob ele, Maquiavel afirma que é muito mais seguro ser temido do que amado. Maquiavel considera que os homens são egoístas, ingratos e ambiciosos; hesitando menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer. Deve-se, no entanto, evitar ser odiado, pois é apenas o temor do príncipe que mantém um exército unido e disposto a qualquer ação comandada.
               A crueldade do príncipe pode então ser necessária para que o reino não seja vulnerável às contingências da fortuna. A Razão de Estado se apresenta como prioridade para o príncipe que possui a virtù.

    4.     A quarta resposta são das alunas Maria Fernanda Gomes e Tairini Santório da Turma T2.

               Para dar fim a distinção entre poder temporal e poder espiritual, Hobbes propõe que ou o poder temporal se subodinaria ao espiritual e este se tornaria soberano, ou o contrário, o poder espiritual se subordinaria ao temporal. Dessa forma, o autor introduz a ideia de indivisibilidade da soberania. Manter a distinção desses dois tipos de poderes seria o mesmo que manter dois Estados, submeter o homem a dois senhores, o que poderia levar à destruição, seja ele governado por qualquer uma das ordens.
               Propunha para o Estado Moderno a união do temporal com o espiritual, como acontecia nas tribos dos gentios, pois faria com que a religião se tornasse um elemento de coesão (um instrumento) para a manutenção do Grande Homem Artificial e, consequentemente, de todos os outros.
               Apoiado em passagens bíblicas, inclusive, dizia que o reino de Deus não é na Terra e que , portanto, esta deveria ser governada pelo governo temporal.         

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