domingo, 10 de outubro de 2010

Descontrução do Maquiavélico para a construção do Maqueavilismo

          Com o intuito de mostrar que os preceitos de Maquiavel ainda estão presente no dia-a-dia das pessoas, foi-se pedido aos alunos para relacionar uma reportagem com os príncipios do Maquiavel para ratificar isto, como também qual seria a sua posição sobre o fato exposto.
REPORTAGEM

                   
O INIMIGO PÚBLICO NÚMERO 1
O confronto entre policiais e criminosos em São Conrado
tirou das sombras um dos bandidos mais perigosos do Rio:
Antonio Bonfim Lopes, o Nem,
o homem que controla o tráfico na favela da Rocinha

               "[...] Contruído em cima de assassinatos, crueldade e sangue, seu padrão de vida hoje permite alguns luxos. [...]".
            "Sustentado pelos cariocas que consomem drogas, o poder paralelo que (Nem) criou sobrevive apoiado em dois pilares: a corrupção de uma parte da polícia e a cumplicidade de alguns moradores. Por duas vezes, agentes estiveram a um passo de prendê-lo, mas, avisado por seus informantes, Nem conseguiu fugir. Para calar delatores e angariar simpatia, ele costuma distribuir dinheiro e benesses. Em média, são 5000 cestas básicas todos os meses. Não raro, paga passagens aos favelados para que visitem parentes Brasil afora. Também proporciona tratamentos médicos, dentários e, nos grandes eventos, sempre se faz presente. Na festa de Natal do ano passado, chegou a gastar 21 000 reais no aluguel de brinquedos, viodegames, pula-pula e mesas de pingue-pongue. Em troca, claro, exige fidelidade canina. [...]".
            "A resistência preparada para uma eventual invasão inclui adolescentes armados de fuzis na linha de frente. A estratégia é simples: se a polícia matar algum deles, os moradores descerão para o asfalto em protesto. Membro da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), Nem não tem muitas opções. Além do morro de origem, seu domínio inclui as favelas do Vidigal, do Parque da Cidade e o conjunto habitacional Cruzada São Sebastião, no Leblon (todos sem condições de abrigá-lo e ao seu bando). Ao contrário do que acontece com alguns traficantes, ele dificilmente encontraria guarida em outras áreas da cidade. Como um gato acuado, restaria a ele apenas a possibilidade do ataque - o que poderia trazer consequências desastrosas, dadas as pecularidades do local. 'O problema só vai ser resolvido quando conseguirmos conquistar o território e nos instalarmos lá. Se simplesmente tirarmos o Nem, outro assumirá o lugar dele e o problema continuará', diz o Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

Veja Rio; 1º de setembro de 2010; página 28. Alessandra Medina e Caio Barreto Briso.

COMENTÁRIOS SEGUNDO A PESPECTIVA  MAQUIAVELIANA

              De acordo com os pensamentos de Nicolau Maquiavel, um príncipe deve buscar a amizade do povo, uma vez que esta pode ser mais eficaz que uma fortaleza de concreto. Deve ser capaz de usar de sua crueldade para manter seus súditos unidos e fiéis a ele. Em relação às milícias, deve o príncipe ter cuidado com as mercenárias, pois estas, ao chegar a guerra, ou fogem ou se demitem ("A experiência mostra que príncipes agindo sozinhos e repúblicas armadas fazem grandes progressos, enquanto as milícias mercenárias causam grandes danos."). Maquiavel também acredita que, para eliminar um principado antigo, o novo príncipe, além de liquidar o imperador, deve fazer o mesmo com suas memórias, assim como aconteceu com Alexandre ao dominar o Estado da Ásia.
              Se compararmos o sujeito principal da reportagem publicada pela Revista Veja Rio, o Nem, a um príncipe idealizado pela perspectiva maqueaveliana, poderemos notar algumas semelhanças: assim como o imperador do livro "O príncipe", Nem abusa da crueldade para manter a ordem em seus domínios, impondo, dessa maneira, um respeito de seus súditos para com ele. Percebemos, ainda, que o Nem faz dos moradores da favela uma verdadeira fortaleza humana que lhe é bastante fiel (Ele também possui um "exército" próprio). Tal simpatia e lealdade são conquistas da distribuição de favores e benesses e presentes.
              O discurso maqueaveliano ainda é válido se invertemos os papéis, ou seja, reconhecermos a organização do Nem como inimigos do príncipe; este representado, por sua vez, pelo Estado. Encontramos analogia entre a fala do Secretário de Segurança e o livro "O príncipe", que também acredita na eficácia da total eliminação de um antigo inimigo para que seja possível o início de um mandato seguro no território dominado.   

Comentário realizado pela aluna Neide Rafaele da Turma T2.

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